ATA DA NONA SESSÃO
EXTRAORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEXTA LEGISLATURA,
EM 24-06-2015.
Aos vinte e quatro dias do
mês de junho do ano de dois mil e quinze, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha
do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às vinte e uma
horas e cinquenta e seis minutos, foi realizada a chamada, respondida por Airto
Ferronato, Bernardino Vendruscolo, Clàudio Janta, Delegado Cleiton, Elizandro
Sabino, Fernanda Melchionna, Guilherme Socias Villela, Idenir Cecchim, João
Bosco Vaz, João Carlos Nedel, Jussara Cony, Lourdes Sprenger, Mario Manfro,
Mônica Leal, Nereu D'Avila, Paulinho Motorista, Paulo Brum, Prof. Alex Fraga,
Reginaldo Pujol, Séfora Gomes Mota, Sofia Cavedon e Tarciso Flecha Negra. Constatada
a existência de quórum deliberativo, o Presidente declarou abertos os trabalhos
e foi iniciada a ORDEM DO DIA. Ainda, durante a Sessão, compareceram Alberto
Kopittke, Carlos Casartelli, Cassio Trogildo, Engº Comassetto, Marcelo
Sgarbossa, Pablo Mendes Ribeiro, Professor Garcia e Waldir Canal. Em Votação, foi apreciado o Projeto de Lei do
Executivo nº 014/15 (Processo nº 1395/15). Foi votada destacadamente e aprovada a Emenda nº 03 aposta
ao Projeto de Lei do Executivo nº 014/15, por quinze votos SIM, doze votos NÃO
e duas ABSTENÇÕES, após ser encaminhada à votação por Prof. Alex Fraga, Jussara
Cony e Mônica Leal, esta duas vezes, em votação nominal solicitada por Cassio
Trogildo, tendo votado Sim Bernardino Vendruscolo, Elizandro Sabino, Guilherme Socias
Villela, Idenir Cecchim, João Carlos Nedel, Lourdes Sprenger, Mario Manfro,
Mônica Leal, Nereu D'Avila, Pablo Mendes Ribeiro, Paulinho Motorista, Professor
Garcia, Reginaldo Pujol, Tarciso Flecha Negra e Waldir Canal, votado Não Airto
Ferronato, Alberto Kopittke, Carlos Casartelli, Cassio Trogildo, Delegado
Cleiton, Engº Comassetto, Fernanda Melchionna, Jussara Cony, Marcelo Sgarbossa,
Prof. Alex Fraga, Séfora Gomes Mota e Sofia Cavedon e optado pela Abstenção
Clàudio Janta e João Bosco Vaz. Na ocasião, por solicitação de Reginaldo Pujol,
foi realizado um minuto de silêncio em homenagem póstuma a Antônio Augusto
Fagundes. Os trabalhos foram suspensos das vinte e duas horas e vinte minutos
às vinte e duas horas e vinte e três minutos. Foi votada destacadamente e
aprovada a Emenda nº 05 aposta ao Projeto de Lei do Executivo nº 014/15, por
quinze votos SIM, onze votos NÃO e duas ABSTENÇÕES, após ser encaminhada à
votação por Fernanda Melchionna, Jussara Cony e Sofia Cavedon, em votação
nominal solicitada por Elizandro Sabino, tendo votado Sim Bernardino
Vendruscolo, Cassio Trogildo, Clàudio Janta, Elizandro Sabino, Guilherme Socias
Villela, Idenir Cecchim, João Carlos Nedel, Lourdes Sprenger, Mario Manfro,
Mônica Leal, Nereu D'Avila, Pablo Mendes Ribeiro, Professor Garcia, Reginaldo
Pujol e Waldir Canal, votado Não Airto Ferronato, Alberto Kopittke, Carlos
Casartelli, Delegado Cleiton, Engº Comassetto, Fernanda Melchionna, Jussara
Cony, Marcelo Sgarbossa, Prof. Alex Fraga, Séfora Gomes Mota e Sofia Cavedon e optado
pela Abstenção João Bosco Vaz e Tarciso Flecha Negra. Os trabalhos foram
suspensos das vinte e duas horas e cinquenta e três minutos às vinte e duas
horas e cinquenta e sete minutos. A seguir, o Presidente declarou prejudicada a
Emenda nº 14 aposta ao Projeto de Lei do Executivo nº 014/15, em face da
aprovação da Emenda nº 05. Foi votada destacadamente e rejeitada a Emenda nº 06
aposta ao Projeto de Lei do Executivo nº 014/15, por quatorze votos SIM e
quinze votos NÃO, após ser encaminhada à votação por Carlos Casartelli, Prof.
Alex Fraga, Fernanda Melchionna, Reginaldo Pujol e Alberto Kopittke, em votação
nominal solicitada por Clàudio Janta, tendo votado Sim Airto Ferronato, Alberto
Kopittke, Carlos Casartelli, Delegado Cleiton, Engº Comassetto, Fernanda
Melchionna, Jussara Cony, Marcelo Sgarbossa, Mario Manfro, Paulinho Motorista,
Prof. Alex Fraga, Séfora Gomes Mota, Sofia Cavedon e Tarciso Flecha Negra e
votado Não Bernardino Vendruscolo, Cassio Trogildo, Clàudio Janta, Elizandro
Sabino, Guilherme Socias Villela, Idenir Cecchim, João Bosco Vaz, João Carlos
Nedel, Lourdes Sprenger, Mônica Leal, Nereu D'Avila, Pablo Mendes Ribeiro,
Professor Garcia, Reginaldo Pujol e Waldir Canal. Em continuidade, Fernanda
Melchionna formulou Requerimento verbal, solicitando renovação das votações das
Emendas nos 03 e 06 apostas ao Projeto de Lei do Executivo nº
014/15. Foi votada destacadamente e aprovada a Emenda nº 08 aposta ao Projeto
de Lei do Executivo nº 014/15, por vinte e quatro votos SIM e três votos NÃO,
após ser encaminhada à votação por Jussara Cony, em votação nominal solicitada
por Clàudio Janta, tendo votado Sim Airto Ferronato, Alberto Kopittke,
Bernardino Vendruscolo, Carlos Casartelli, Cassio Trogildo, Clàudio Janta,
Delegado Cleiton, Elizandro Sabino, Engº Comassetto, Fernanda Melchionna,
Guilherme Socias Villela, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, Jussara Cony,
Marcelo Sgarbossa, Mario Manfro, Pablo Mendes Ribeiro, Paulinho Motorista,
Prof. Alex Fraga, Professor Garcia, Reginaldo Pujol, Séfora Gomes Mota, Sofia
Cavedon e Tarciso Flecha Negra e votado Não Idenir Cecchim, Lourdes Sprenger e
Nereu D'Avila. Foi votada destacadamente e aprovada a Emenda nº 09 aposta ao
Projeto de Lei do Executivo nº 014/15, por quinze votos SIM e quatorze votos
NÃO, após ser encaminhada à votação por João Carlos Nedel, em votação nominal
solicitada por Fernanda Melchionna, tendo votado Sim Bernardino Vendruscolo,
Elizandro Sabino, Guilherme Socias Villela, Idenir Cecchim, João Carlos Nedel,
Lourdes Sprenger, Mario Manfro, Mônica Leal, Nereu D'Avila, Pablo Mendes
Ribeiro, Paulo Brum, Professor Garcia, Reginaldo Pujol, Tarciso Flecha Negra e
Waldir Canal e votado Não Airto Ferronato, Alberto Kopittke, Carlos Casartelli,
Clàudio Janta, Delegado Cleiton, Engº Comassetto, Fernanda Melchionna, João
Bosco Vaz, Jussara Cony, Marcelo Sgarbossa, Paulinho Motorista, Prof. Alex
Fraga, Séfora Gomes Mota e Sofia Cavedon. Em prosseguimento, Jussara Cony
formulou Requerimento verbal, solicitando renovação de votação da Emenda nº 09
aposta ao Projeto de Lei do Executivo nº 014/15. Foi votada destacadamente e
rejeitada a Emenda nº 10 aposta ao Projeto de Lei do Executivo nº 014/15, por
doze votos SIM, quatorze votos NÃO e uma ABSTENÇÃO, em votação nominal
solicitada por Cassio Trogildo, tendo votado Sim Bernardino Vendruscolo, Cassio
Trogildo, Clàudio Janta, Elizandro Sabino, Guilherme Socias Villela, Idenir
Cecchim, João Carlos Nedel, Lourdes Sprenger, Mônica Leal, Nereu D'Avila,
Reginaldo Pujol e Waldir Canal, votado Não Airto Ferronato, Alberto Kopittke,
Carlos Casartelli, Delegado Cleiton, Engº Comassetto, Fernanda Melchionna, João
Bosco Vaz, Jussara Cony, Marcelo Sgarbossa, Paulinho Motorista, Prof. Alex
Fraga, Professor Garcia, Séfora Gomes Mota e Sofia Cavedon e optado pela
Abstenção Tarciso Flecha Negra. Na oportunidade, o Presidente declarou
prejudicada a Subemenda nº 01 aposta à Emenda nº 10 ao Projeto de Lei do
Executivo nº 014/15, em face da rejeição da Emenda nº 10. Foi votada
destacadamente e aprovada a Emenda nº 13 aposta ao Projeto de Lei do Executivo
nº 014/15, por vinte e seis votos SIM, após ser encaminhada à votação por Sofia
Cavedon, em votação nominal solicitada por Clàudio Janta e Idenir Cecchim,
tendo votado Airto Ferronato, Bernardino Vendruscolo, Cassio Trogildo, Clàudio
Janta, Delegado Cleiton, Elizandro Sabino, Engº Comassetto, Guilherme Socias
Villela, Idenir Cecchim, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, Jussara Cony,
Lourdes Sprenger, Marcelo Sgarbossa, Mario Manfro, Mônica Leal, Nereu D'Avila,
Pablo Mendes Ribeiro, Paulinho Motorista, Prof. Alex Fraga, Professor Garcia,
Reginaldo Pujol, Séfora Gomes Mota, Sofia Cavedon, Tarciso Flecha Negra e
Waldir Canal. Foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo nº 014/15, por vinte
votos SIM e oito votos NÃO, após ser encaminhado à votação por Prof. Alex
Fraga, Cassio Trogildo, Sofia Cavedon, Jussara Cony e Clàudio Janta, em votação
nominal solicitada por Cassio Trogildo, tendo votado Sim Airto Ferronato,
Bernardino Vendruscolo, Cassio Trogildo, Clàudio Janta, Delegado Cleiton, Elizandro
Sabino, Guilherme Socias Villela, Idenir Cecchim, João Bosco Vaz, João Carlos
Nedel, Lourdes Sprenger, Mario Manfro, Mônica Leal, Nereu D'Avila, Pablo Mendes
Ribeiro, Paulinho Motorista, Professor Garcia, Reginaldo Pujol, Tarciso Flecha
Negra e Waldir Canal e votado Não Alberto Kopittke, Carlos Casartelli, Engº
Comassetto, Fernanda Melchionna, Jussara Cony, Marcelo Sgarbossa, Séfora Gomes
Mota, esta com Declaração de Voto, e Sofia Cavedon. Durante a Sessão, Nereu
D'Avila, Mario Manfro, Jussara Cony, Alberto Kopittke, Fernanda Melchionna,
Carlos Casartelli e Sofia Cavedon manifestaram-se acerca de assuntos diversos.
Aos quarenta minutos do dia vinte e cinco de junho do corrente, o Presidente
declarou encerrados os trabalhos, convocando os vereadores para a sessão ordinária
desta quinta-feira, à hora
regimental. Os trabalhos foram presididos por Paulo Brum e secretariados por
Delegado Cleiton. Do que foi lavrada a presente Ata, que, após distribuída e
aprovada, será assinada pelo 1º Secretário e pelo Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Esta Sessão destina-se à continuação da
apreciação do PLE nº 014/15.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
(discussão: todos os
Vereadores/05minutos/com aparte;
encaminhamento: bancadas/05 minutos/sem
aparte)
PROC. Nº 1395/15 – PROJETO DE LEI DO
EXECUTIVO Nº 014/15, que
institui o Plano Municipal de Educação (PME) e dá outras providências. Com Mensagem Retificativa.
Parecer
Conjunto:
- da CCJ, CEFOR, CUTHAB, CECE e
CEDECONDH. Relator-Geral Ver. Reginaldo Pujol: pela aprovação do Projeto e da Mensagem Retificativa.
Observação:
- incluído na Ordem do Dia em 22-06-15.
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Em votação a Emenda nº 03, destacada, ao PLE nº 014/15.
(Pausa.)
O Ver.
Prof. Alex Fraga está com a palavra para encaminhar a votação da
Emenda nº 03, destacada, ao PLE nº 014/15, pela oposição.
O SR. PROF.
ALEX FRAGA: Boa noite. Temos uma emenda muito bem esclarecida anteriormente pelos
Vereadores que me antecederam que vem agredir avanços que o Plano Municipal,
construído democraticamente no Congresso Municipal de Educação, trouxe a esta
Casa. O Governo não mexeu nesse tema; portanto, eu peço que os Vereadores da
base governista também não o façam.
Eu gostaria de fazer um pequeno esclarecimento:
estamos discutindo, nas galerias, justamente a questão da família. Alguns
pregam que só existe um tipo definido de família; outros, que existem múltiplas
famílias. Eu sou favorável à segunda ideia. Temos que nos reconstruir
continuamente como sociedade, como seres humanos, mudar os nossos conceitos,
mudar as nossas diretrizes, quebrar paradigmas, e estamos diante de um. Vamos
condenar a nossa Cidade ao retrocesso ou vamos avançar a nossa consciência
coletiva? Lembro para aqueles que talvez estejam defendendo a família, entre
aspas, que, em 1964, a Marcha da Família com Cristo foi o sustentáculo que
permitiu o golpe militar neste País. Foi esse o movimento que deu base, deu
sustentação para que os militares dessem o golpe e se instaurassem no poder de
forma democrática. Alguns Vereadores vêm aqui se manifestar que são a favor da
democracia, mas estiveram favoráveis, durante esses 20 anos, a esse regime. Aí
nós olhamos para essa movimentação, de novo, pela defesa dessas famílias. Por
favor, que piada de mau gosto! Vamos ser favoráveis à aceitação de que a nossa
Casa não representa todas as outras casas do País; que existem pessoas que são
diferentes de nós e que devem ser respeitadas por isso, devem ser aceitas como
seres humanos, como indivíduos dotados de direitos constitucionais. Se somos
todos iguais perante a Constituição, por que benefícios para uns em detrimento
de outros? A questão toda é essa. Comete-se barbaridades em nome de Deus. Falo
isso porque muito me envergonhava ao estudar na escola a disciplina de
História, que por estudar em uma escola cristã, católica, a história era
mascarada. Era nos mostrada a questão das Cruzadas – promovidas com o único
objetivo de saquear os povos do Oriente – e a professora de História, para não
ser demitida, tinha que enganar a plateia: “Era para disseminar a palavra de
Deus.” Com uma espada? A palavra de Deus tem que ser disseminada com uma
espada? Ela precisa ser disseminada com intolerância, com agressões, com vídeos
de agressões a pessoas homossexuais, transexuais, lésbicas, gays, por que não são, entre as aspas,
normais? E depois desse vídeo, é divulgado nas redes sociais. É isso que
acontece nas nossas escolas. Acordem para a realidade! Essa realidade ninguém
quer ver. É tido como um caso isolado de agressão, briga entre alunos. O que
motivou essa briga? Boa parte das brigas que acontecem nos pátios das nossas
escolas tem essa fundamentação. Justamente o caráter preconceituoso, com o qual
os nossos alunos, a nossa juventude e o nosso futuro são, entre aspas,
novamente, educados em casa. São esses os valores que nós queremos deixar para
o futuro da nossa Cidade? Avancemos. Porto Alegre não pode ficar parada no
tempo. Porto Alegre não pode e não deve voltar à Idade Média. Então, em nome de
uma concepção religiosa e de dogmas das diferentes igrejas cristãs, nós devemos
cercear a liberdade – estamos falando de uma emenda que trata principalmente da
qualificação dos professores, indivíduos que vão ser questionados pelos alunos,
por conta da curiosidade natural da nossa juventude. Precisamos estar
preparados para responder a isso. As questões de gênero existem,
não adianta fechar os olhos para isso, elas existem e precisam ser trabalhadas,
esclarecidas. Não dá mais para fechar os olhos e fingir que tudo isso não
existe, que é tudo invenção dos comunistas. Por favor, estamos falando em
direitos humanos. Direitos humanos!
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. REGINALDO PUJOL (Requerimento): Sr.
Presidente, nós acabamos de receber a informação que o Cidadão Honorário de
Porto Alegre, Antônio Augusto Fagundes, acaba de falecer. Então, solicito um
minuto de silencio pelo seu falecimento.
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Deferimos o
pedido.
(Faz-se um minuto de
silêncio.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.ª
Jussara Cony está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 03,
destacada, ao PLE nº 014/15.
A SRA. JUSSARA CONY: Sr. Presidente; Sras.
Vereadoras e Srs. Vereadores, eu venho discutir essa questão. Primeiro eu acho
que a escola não pode ensinar o que é nato – há coisas que são natas em nós: as
diversidades. A escola tem que ter um espaço de construção para o respeito às
diversidades e às diferenças. Nós, mulheres, somos diferentes dos homens. E as
nossas diferenças naturais historicamente têm sido transformadas pela sociedade
de opressão em desigualdades políticas, econômicas, sociais, culturais. Essa
desigualdade, ninguém melhor do que nós, mulheres, para entender o que é
gênero, o que é educação, nesse aspecto. O que é educação de gênero? Não é o
que apresenta essa emenda. E eu comparo aqui educação de gênero que apresenta
essa emenda, que para mim é barbárie, com um processo civilizatório que as
mulheres têm buscado construir, porque somos as mais agredidas sob todas as
formas de opressão. Educação de gênero é a que se contrapõe à violência contra
mulher. Educação de gênero é a que se contrapõe aos crimes por sermos mulheres.
Educação de gênero é enfrentar as culpas seculares em cima das mulheres, desde
as fogueiras da inquisição até os dias de hoje, por parte de homens que nos
violentam, nos massacram, nos deformam, nos matam, por parte de homens que
diziam nos amar. Educação de gênero é garantir o feminicídio, é garantir que a
lei de feminicídio seja aplicada, considerada como crime hediondo. Educação de
gênero é a Lei Maria da Penha nos currículos escolares; aliás, aprovada por
unanimidade nesta Casa. E agora eu quero ver a unanimidade da Lei Maria da
Penha nos currículos escolares da cidade de Porto Alegre - inova para o Brasil
inteiro. Educação de gênero é contra a exploração do corpo da mulher pela mídia,
é contra a erotização da nossa infância. Educação de gênero é aquela que
prepara os homens e as mulheres para serem atores de uma sociedade contra todas
as formas de opressão e discriminação, uma sociedade em que as nossas
diferenças naturais envolvendo as diversidades não sejam transformadas em
desigualdades políticas, econômicas, sociais e culturais. Educação de gênero é
aquela que forma e capacita as mulheres para o seu empoderamento, para o
mercado de trabalho, para os espaços de poder. Quem não quer educação de gênero
quer o quê? Quer o retrocesso de conquistas históricas da luta das mulheres por
direitos e por emancipação. É bom que se diga, e não sou eu quem diz, é
Fourier, filósofo francês, socialista utópico: o grau de emancipação de uma
sociedade é medido pelo grau de emancipação das mulheres dessa sociedade. E
isso a escola laica, a escola democrática, a escola da transformação tem que
absorver. Educação pública laica, democrática tem um importante papel na
sociedade, pois a escola é o primeiro espaço de socialização, formação e
disseminação de valores sociais e culturais.
Aqui está uma discussão de fundo, e finalizo: ou é
a civilização, ou é a barbárie. Nós, mulheres, não queremos a barbárie; os
homens, companheiros desta luta, não querem a barbárie. E esta Câmara vai
mostrar de que lado está: o da barbárie ou o da civilização.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.ª Mônica Leal está com a palavra para
encaminhar a votação da Emenda nº 03, destacada, ao PLE nº 014/15, como autora.
(Manifestações nas galerias.)
A SRA. MÔNICA
LEAL: Boa noite, Presidente; boa noite a todos; eu creio que, independente das
ideologias políticas que nos separam, nós temos algo em comum, que é a
educação. Portanto, eu espero falar e que vocês escutem em silêncio.
O papel do Legislativo, seja ele Federal, Estadual
ou Municipal, é ouvir e interpretar a voz dos eleitores, transformando as suas
demandas em normas legítimas que regulam a vida em sociedade. Às vezes,
entretanto, as vozes dos eleitores são antagônicas e, não raro, como se vê
nesta tarde aqui no Plenário, gritam tanto para defender seus interesses e
pontos de vista que deixam de ouvir os argumentos daqueles que têm uma visão
diversa da sua. E o perigo de julgar sem ouvir é que as conclusões deixam de
ser baseadas em fatos para serem meras conjecturas sobre o que pensam, o que
desejam, o que temem e o que apoiam esses supostos inimigos de sua causa.
Eu fiz algumas anotações, antes de continuar a
minha fala, de alguns Vereadores que utilizaram essa tribuna – queria fazer
este registro. O Ver. Kopittke falou que a família não tem o direito de ensinar
o racismo e a homofobia. A Ver.ª Fernanda Melchionna falou sobre a ditadura. O
Ver. Prof. Alex Fraga questionou, nesta tribuna: “Que amor é esse? As famílias
já mal educam, vocês não estão sendo responsáveis e competentes na educação de
seus filhos.” Palavras do Ver. Prof. Alex Fraga. Ora, senhores, a Ver.ª Sofia
“terminou o tempo da ditadura”. A Ver.ª Fernanda falou que o Ver. Nedel ...
(Manifestações nas galerias.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): Ver.ª Mônica, eu estou assegurando o tempo de
Vossa Excelência.
(Manifestações nas galerias.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): Quanto mais vocês interromperem um Vereador, mais
tempo nós vamos ficar aqui na Câmara. Portanto, não há problema nenhum. Nós
vamos ficar até amanhã aqui se for preciso.
(Manifestações nas galerias.)
A SRA. MÔNICA
LEAL: A Ver.ª Fernanda falou que o Ver. Nedel tem um pensamento fascista; o
Ver. Comassetto falou que, na sua enquête sobre onde os Vereadores aprenderam
sobre a sexualidade, eles disseram que foi na rua, na sua grande maioria.
Bem...
(Manifestações nas galerias.)
A SRA. MÔNICA LEAL: Continuando,
Vereadores, eu não poso responder a
todas as perguntas porque tenho pouco tempo, mas, em especial, a um professor
que subiu a esta tribuna, que é o Ver. Prof. Alex Fraga, gostaria de dizer que
a democracia é a vontade da maioria, Ver. Prof. Alex Fraga. E, agora, eu quero
esclarecer à Ver.ª Jussara Cony o que é a ideologia de gênero. A ideologia de
gênero não é nada mais do que a negação de que existem sexos ao nascimento, com
a afirmação de que sexualidade é uma construção social, na qual a pessoa
escolheria o que deseja ser. E, também, implantada na linguagem com a negação
do gênero nas palavras, com a substituição das letras “o” e “a” pela letra “x”. Para dar um exemplo, a palavra
menino ou a sua variação no feminino, que seria a palavra menina,
transformar-se-ia em “menix”, visando a neutralidade. A ideologia do gênero, na
verdade, tem suas origens nas ideias do país do comunismo, de Karl Marx e
Friedrich Engels. Continuando, eu
peço...
(Manifestações nas
galerias.) (Vaias.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Estou segurando o seu tempo, Vereadora.
A SRA. MÔNICA LEAL:
Fascista é aquele que quer que o Estado regule
a sua vida, para entenderem.
(Manifestações nas
galerias.) (Vaias.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): Vamos tentar, Vereadora?
A SRA. MÔNICA
LEAL: Ao manifestar a nossa posição contrária ao item 7.35 – Ideologia do
Gênero do Plano Municipal de Educação...
(Manifestações nas galerias.) (Vaias.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): E isso que nós estamos votando o Plano Municipal
de Educação! Que educação, não é? Que educação! Não ouvir o contraditório, isso
é educação? Não ouvir o contraditório. Vamos ficar até amanhã aqui.
A SRA. MÔNICA
LEAL: Ao manifestar a nossa posição contrária ao item 7.35 – Ideologia de
Gênero do Plano Municipal de Educação, queremos ser pelo menos ouvidos, quando
esclarecemos que, sim, reconhecemos que ainda existe discriminação contra
transgêneros, travestis, transexuais, lésbicas, gays, bissexuais, assim como
contra as mulheres. Não estamos tecendo nenhum juízo de valor sobre a opção
sexual de quem quer que seja. Concordamos que a escola representa...
O SR. NEREU
D’AVILA: Sr. Presidente, eu acho que nós temos um mínimo de consideração dentro
desta Casa. Eu peço a V. Exa., diante da impossibilidade de um Vereador,
legitimamente, falar na tribuna, a evacuação da sala. Evacuar esta gente daí!
(Manifestações nas galerias.)
O SR. MARIO
MANFRO: Eu acho que, para atender uma equidade, pelo menos que fossem dados
mais cinco minutos para a Ver.ª Mônica, em silêncio, para que todo mundo
pudesse ouvi-la.
O SR
PRESIDENTE (Paulo Brum): Eu peço que os nossos Vereadores da oposição, se
possível, assegurem a palavra da Vereadora na tribuna. (Pausa.) Estão suspensos
os trabalhos.
(Suspendem-se os trabalhos às 22h20min.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum – às 22h23min): Estão reabertos os trabalhos.
A Ver.ª Jussara Cony, 1ª Vice-Presidente, vai fazer
o encaminhamento para que possamos dar seguimento ao nosso processo de votação,
que tão bem está sendo conduzido até este momento.
A SRA. JUSSARA
CONY: Vereadores e Vereadoras, vou chamar de companheiros e companheiras desta
luta que muito nos ajudaram, sou a 1º Vice-Presidente desta Casa e vim a este
microfone de apartes exatamente para encaminhar no sentido de que pudéssemos
ouvir a todos os Vereadores e Vereadoras. Esta é uma Casa plural, houve momentos
em que fui xingada, desrespeitada e tal, mas estamos aqui para fazer a política
na altura do merecimento do povo de Porto Alegre! Quero encaminhar exatamente
no sentido... Nós, da oposição – a Sofia e a Fernanda aqui comigo –, cumprimos
um papel estratégico, o próprio Ver. Pujol foi à tribuna e resgatou o
significado da oposição, porque nós pensamos na cidade de Porto Alegre, temos a
capacidade de sentar, discutir, ampliar e resgatar o que resgatamos. São três
mulheres, a Ver.ª Mônica ia encaminhar, meu apelo é no sentido de que
ouvíssemos a todos, homens e mulheres, com seu pensamento, com sua ideologia,
para que pudéssemos sair com o máximo do plano aprovado dentro desse processo
de articulação política.
Houve um momento de excesso do Ver. Nereu. Eu resolvo
isso! Eu sou uma mulher que luto desde os 14 anos, tenho 72 anos, sei o que é
luta política, passando por ditadura, nada me atinge no rumo político de
contribuir com esta Casa. Não é a primeira vez. Há 32 anos ocorreu um episódio
semelhante com o Ver. Nereu, da mesma forma. Quero dizer que eu supero essas
coisas, porque estou aqui para lutar pela grandeza de um Parlamento, o povo me
colocou aqui dentro! Eu gostaria que o Ver. Nereu – e peço a todos que entendam
– viesse a este microfone pedir desculpas, porque,
quando uma mulher é agredida, todas são agredidas. E nós não queremos
violência!
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Ver. Nereu
D’Avila, V. Exa. está com a palavra.
O SR. NEREU D’AVILA: Exatamente na linha
de raciocínio da Ver.ª Jussara Cony, eu vim aqui exatamente dizer que, quando
uma mulher é agredida, como a Mônica estava sendo agredida, todos estavam sendo
agredidos. Mas, ao chegar aqui, eu me excedi e empurrei a Ver.ª Jussara. Quero
pedir desculpas a Vereadora, como mulher, como pessoa e como guerreira política
que é, pelo meu comportamento em relação a ela. Mas concordo com ela quando diz
no geral que, quando alguém é agredido, os demais também são. E a Vereadora da
tribuna estava sendo agredida, chamada com palavras que ela não é: fascista. Nós
temos que parar com isso, com ofensas aqui. Temos que nos respeitar! Eu vim à
tribuna para pedir a evacuação da sala. Se ninguém tem coragem, eu vim pedir,
porque, se, em última instância não é respeitado um Vereador, não é respeitada
a Casa! Enfim, eu vim agora aqui para pedir à Vereadora, publicamente,
desculpas. Desculpe-me, Ver.ª Jussara Cony!
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Sim, Vereadora?
A SRA. JUSSARA CONY: Só quero fazer o
seguinte encaminhamento, exatamente no sentido do que eu trabalhava antes: que
todos os Vereadores e Vereadoras possam falar. A Vereadora não viu, de nossa
forma, nenhuma manifestação. Nós respeitamos todos os Vereadores e Vereadoras.
Então, eu quero pedir que nos acalmemos e continuemos. Mas quero contrapor: não
se evacua uma Casa do Povo! Eu sei que V. Exa. não vai fazer isso. Respeito, eu
estou pedindo respeito a todos!
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Eu só peço que
as nossas lideranças, tão bem constituídas, respeitem os Vereadores na tribuna.
Portanto, Ver.ª Mônica, V. Exa. dispõe do tempo para fazer o encaminhamento
final do seu pronunciamento.
A SRA. MÔNICA LEAL: Continuando,
Presidente, não estamos tecendo nenhum juízo de valor sobre a opção sexual de
quem quer que seja. Concordamos que a escola representa um importante ambiente
de discussão sobre temas relevantes à sociedade, e ensinar, na escola, desde
cedo a conviver com as diferenças é um objetivo válido e nobre. Feitas essas
importantes ressalvas, é também importante lembrar que existem momentos
adequados para introduzir a instrução e discussão sobre temas complexos, para
os quais as crianças do Ensino Básico podem não estar preparadas. O
desenvolvimento cognitivo da criança passa por estágios gradativos de
compreensão, e é papel do professor criar situações compatíveis com o nível
cognitivo do aluno. Assim como não se deve tentar introduzir o estudo da
trigonometria na pré-escola, apresentar, precoce e impositivamente, questões de
gênero e orientação sexual à criança do Ensino Básico parece-nos uma aceleração
de estágios. Por essas crianças não possuírem maturidade cognitiva, emocional e
psicológica para debater desta complexidade, a aprovação do item 7.35,
ideologia de gênero, pode representar não um avanço, mas um retrocesso nas
questões que o projeto pretende defender. É, principalmente, papel dos pais e
da família determinar o momento mais adequado para abordar não apenas a questão
da transexualidade como da própria sexualidade. É direito da família decidir de
que maneira, quando e com que grau de profundidade abordar esses assuntos.
Nossa história política recente testemunhou um
episódio abusivo de produção e distribuição de material didático sobre
sexualidade considerado tão inoportuno e incondizente com a idade dos alunos a
que se destinavam que foi rejeitado pela própria Presidente Dilma. A discussão
de gênero e diversidade sexual no Ensino Básico não seria uma imposição apenas
às crianças e à sua família, mas também às escolas, que já assumiram inúmeros
encargos que não eram seus e que, muitas vezes, nem sequer estão preparadas
para abraçar. As pessoas precisam, sim, respeitar a orientação sexual de cada
um.
O
SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.ª Mônica Leal prossegue a sua manifestação,
a partir deste momento, para encaminhar a votação da Emenda nº 03, destacada,
ao PLE nº 014/15, como Líder de sua Bancada.
A SRA. MÔNICA
LEAL: Por outro lado, o Legislativo precisa respeitar o fato de que algumas
decisões sobre a educação das nossas crianças devem permanecer como opções de
fórum íntimo de suas famílias. Temos que garantir que o nosso Município tenha
um Plano alinhado ao que foi definido pelo Congresso Nacional, ao Plano
Nacional da Educação, retirando os termos da ideologia de gênero, 7.35, do
Plano.
Por fim, eu gostaria de dizer aos Vereadores,
colegas, Ver.ª Fernanda, Ver. Kopittke, Ver. Comassetto, Ver. Alex, Ver.ª
Jussara, que a supressão das expressões ideologia de gênero não tem nada a ver
com desrespeito às formas de sexualidade, nem com discriminação, um sentido
normalmente usado pelos senhores. Nós pensamos dessa forma, vivemos numa
democracia e temos o direito de defender posição na tribuna, respeitando o povo
de Porto Alegre! Obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): Obrigado, Vereadora.
Em votação nominal, solicitada pelo Ver. Cassio
Trogildo, a Emenda nº 03, destacada, ao PLE nº 014/15. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) APROVADA por 15 votos SIM, 12 votos NÃO e 02 ABSTENÇÕES.
(Manifestações
nas galerias.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): Em
votação a Emenda nº 05, destacada, ao PLE nº 014/15. (Pausa.) Se aprovada a
Emenda nº 5, será prejudicada a Emenda nº 14 e parcialmente a Emenda nº 06
quanto à expressão “orientação sexual”. Se rejeitada a Emenda nº 05, ficará
prejudicado o item 2 da Emenda nº 14.
A Ver.ª Fernanda
Melchionna está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 05,
destacada, ao PLE nº 014/15.
A SRA.
FERNANDA MELCHIONNA: Eu também quero começar, Sr. Presidente, dizendo
que lamento profundamente, acho inadmissível o que aconteceu na Câmara hoje. E,
se fosse comigo – respeito a posição da Ver.ª Jussara Cony –, esta Sessão
estaria suspensa, porque eu acho inadmissível a defesa seletiva do Ver. Nereu,
porque eu, durante a tarde inteira, falei desta tribuna sobre vaias de gente
intolerante, fundamentalista. Aliás, eu não vi nenhum saltar daí, daqueles que
acabaram de rejeitar, que professores façam formação continuada para discutir
gênero, que é discutido na universidade desde a década de 1970! Não vi nenhum
de vocês levantar quando o Ver. Casartelli estava lendo uma carta muito séria
nesta tribuna, muito séria de um adolescente que a vida inteira foi perseguido
na escola, que sofreu homofobia, que foi perseguido nos corredores e que pensou
no suicídio, e alguém do lado daí, quando estavam os intolerantes, perguntou
por que não morreu! Por que vocês não o identificaram e não o processaram por
homofobia e por incentivo ao suicídio de adolescentes homossexuais? Vocês
acabaram de tirar do Plano Municipal de Educação que professores façam formação
para discutir gênero e identidade de gênero, que, queiram os fundamentalistas
ou não, seguirá existindo porque as pessoas estão lutando por mais direitos.
Independentemente do Plano Municipal de Educação, quando uma lei não respeita a
realidade, eu digo como legisladora para os professores da rede: desrespeitem a
lei, tratem da diversidade sexual dentro da escola. Nenhuma transexual pode
sair das nossas escolas municipais, nenhuma travesti pode deixar de estudar num
País em que as travestis têm estimativa de vida de até 30 anos – a média de
vida da população é de 72 anos. E vocês acham que tem estimativa de vida até 30
anos por quê? Senão é o preconceito, senão é violência, ou por que vocês acham
que 90% das travestis e transexuais estão trabalhando com prostituição, por
quê? Porque saem da escola. E vocês votaram em que elas sigam saindo da escola.
Elas acabam na prostituição porque não conseguem trabalho, porque tem gente
intolerante que veio aqui gritar “salvem a família!” São os dinossauros, os
mesmos dinossauros da época em que se discutia o divórcio. Vocês sabem qual era
o debate deles, quando o Senador Nelson Carneiro, que não era comunista, aliás,
era de centro-direita, fez um projeto de lei instituindo o divórcio no Brasil,
uma luta que já estava regulamentada em muitos países do mundo? Esses mesmos
faziam campanha contra o divórcio para salvar a família, que era a opressão das
mulheres porque a poligamia era liberada para os homens. E, depois, com o
divórcio, as pessoas puderam ter mais liberdade para romper casamentos
infelizes, para denunciar a violência doméstica. Mas, não, eles querem sempre
frear a luta, querem sempre frear que a escola possa trabalhar com identidade
de gênero. Aliás, Ver.ª Mônica Leal, se a sua emenda dissesse que retirava
ideologia de gênero do projeto, eu poderia até votar, porque não está escrito
em lugar nenhum ideologia de gênero, aliás, não existe ideologia de gênero,
existe identidade de gênero, existem papéis socialmente construídos. Olha,
vocês sabem que, ao longo da história, esse discurso de vocês, retrógrado,
conservador, intolerante, odioso, foi usado nos
Estados Unidos quando os negros lutaram pelas liberdades democráticas, para
poderem votar e serem votados.
Vereador, o senhor
pode parar o meu tempo, já que os intolerantes não deixam que eu fale? Não sei
se o Ver. Nereu vai me defender também, já que estou na tribuna e não consigo
falar.
Resumindo, eu
gostaria de dizer, neste encerramento, Presidente, que era o mesmo argumento
que eles usavam nesses processos, que foram revoluções que mudaram a história,
como as revoluções de 1968, que, inclusive, geraram a rebelião de Stonewall.
Domingo é dia de luta LGBT, e, aliás, vai estar lá o nome de cada um que votou
em cada emenda. Eu fui procurar esses discursos contra o voto dos negros,
contra o voto das mulheres – vocês sabem que muitas de nós, mulheres, fomos
presas centenas de vezes por defender o sufrágio –, e vocês sabem o que eu
achei na Internet, nos livros? Nada! Felizmente, vocês, os retrógrados, os
conservadores, quando a marcha das liberdades democráticas passa por cima dessa
reação, dessa intolerância, são apagados da história; o que fica são as lutas e
as conquistas!
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Obrigado,
Vereadora. A Ver.ª Jussara Cony está com a palavra para encaminhar a votação da
Emenda nº 05, destacada, ao PLE nº 014/15.
A SRA. JUSSARA CONY: Sr. Presidente,
Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, todos que estão nesta Casa, foram duas
agressões visíveis, e não tomar nenhuma atitude cabível é compactuar com esse
tipo de agressão, com esse tipo de violência contra as mulheres nos espaços de
poder, é por isso que somos tão poucas. Houve uma agressão do Ver. Nereu, e
houve, eu chamo atenção da Ver.ª Mônica, uma agressão verbal, raivosa, de um
assessor da Ver.ª Mônica, e não foi só comigo, foi mais comigo porque eu estava
no microfone tentando buscar soluções. Por que as agressões? Em primeiro lugar,
eu quero dizer, com todo o respeito ao Ver. Nereu, que aceitar desculpas é
diferente da impunidade. (Palmas.) É diferente da impunidade. Nesta Casa, hoje,
estamos discutindo um Plano que foi fruto de um processo coletivo de elaboração
num Congresso da Educação. Eu quero dizer, antes de mais nada, que eu mantive o
meu controle, eu mantive a minha luta política, eu mantive na minha mente e no
meu coração a minha história política, a história do meu partido, a história
das mulheres, para ter a capacidade, naquele momento, de evitar o pior. Evitar
o pior, porque as agressões, as intolerâncias que estão se manifestando também
se manifestam aqui neste plenário, aqui em baixo, nas nossas cadeiras. A
agressão que ocorreu é exatamente da intolerância contra as mulheres, contra os
gays, contra as diversidades, contra
tudo que não represente algo que estabelece como certo, como justo, como
bonito, e nós sabemos que aí tem muita hipocrisia. Muita hipocrisia! Que bom
que estamos aqui, com homens e mulheres que enfrentam a hipocrisia e que não se
submetem a ela. É representada também em todo o prejuízo que estamos tendo
neste plano, no Plano de Educação, e que se materializou na agressão a uma
mulher, e quando uma mulher é agredida, todas são agredidas. Todas são
agredidas! Eu acho que os homens também, Silvana Conti, os homens que são
nossos aliados, os homens que lutam contra a intolerância e que estão aqui
conosco. Se manifesta na votação que tivemos agora da emenda da Ver.ª Mônica,
aprovada por esta Casa, o que é um retrocesso, é barbárie mesmo.
Nas escolas, nós
temos a possibilidade da discussão sobre a questão de gênero, é a formação de
uma nova mulher, de um novo homem, para a formação de uma nova sociedade. E é
por isso que a intolerância está aqui, porque ninguém quer isso. Quem é
intolerante, quem é fundamentalista, até quem tem atitudes fascistas, eles não
querem um novo homem, não querem a nova mulher, porque isso significa a nova
sociedade. E se manifesta também... Aliás, foi traduzida na pele, foi no meu
braço, eu sei o que eu senti. Eu tive a capacidade de buscar que pudéssemos
continuar com esta Sessão, em respeito ao Plano Municipal de Educação, traçado
pelo Congresso de Educação, porque, ao protelar isso em função do prazo, nós
teríamos muitas dificuldades em relação àquilo que, pelo menos, nós conseguimos
resgatar. E eu espero que a Emenda nº 05, que muda a questão de gêneros, não
seja aprovada. Não terei tempo de discuti-la, só tenho 24 segundos, e vou levar
à Comissão de Ética desta Casa, Ver. Nereu, Ver.ª Mônica, não em relação à
senhora, por quem tenho o maior respeito, como tenho por todos os colegas, mas
em relação ao seu assessor, que fez agressões a mim, testemunhadas por todos
que estavam aqui e pelas pessoas que estão aqui, inclusive filmadas, porque não
é assim o comportamento de quem tem o voto do povo da cidade de Porto Alegre.
Nós discutimos política, discutimos ideologicamente, sim, porque quem tem
capacidade de ter um lado, tem um lado, e não tem medo de discussão. Eu me
senti agredida, eu procurei acalmar os ânimos, pedi ao Vereador que pedisse
desculpas para ajudar a acalmar esses ânimos, mas eu vou levar à Comissão de
Ética desta Casa.
Estou finalizando,
quero agradecer a todos os Vereadores e Vereadoras que se indignaram junto
comigo. Quero agradecer a todos os colegas que demonstraram que não
compactuavam com essa agressão e quero dizer que eu não estou só na condição de
Líder da oposição nem de Líder do PCdoB. Eu estava naquela tribuna, porque eu
pedi a palavra na condição, hoje, de 1ª Vice-Presidente desta Casa. Então, a
Casa foi atingida, e é isso que eu quero deixar bem claro aqui. Muito obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra para
encaminhar a votação da Emenda nº 05, destacada, ao PLE nº 014/15.
A SRA. SOFIA
CAVEDON: Ver. Paulo Brum, senhores e senhoras, o nosso partido considera
inaceitável a postura de agressão física de uma mulher nesta Casa. E nós
entendemos que, se a Ver.ª Jussara não entrasse na Comissão de Ética, nós
entraríamos. Ver.ª Jussara, nós entraremos, enquanto Procuradoria da Mulher que
agora temos na nossa Casa, porque esse tipo de atitude só é possível porque nós
não conseguimos alterar a cultura machista que formou esta sociedade. Machista,
sexista, discriminatória, homofóbica e violenta. E eu gostaria que pudéssemos
fazer um reflexão um pouco mais permeada de escuta, porque, Ver.ª Mônica, a
reação de virar de costas, a reação de indignação de quem está aqui, é porque
as palavras normalizadoras são violentas. As palavras e as políticas que
promovem a normalização, que querem promover a invisibilidade do direito à
diversidade, à identidade, à opção sexual, à opção religiosa, à opção cultural.
E que querem invisibilizar, Ver.ª Mônica, e é importante entender aqui por que
as pessoas aqui, os homens e mulheres, os professores e professoras, vários gays e lésbicas que estão aqui, famílias
homossexuais que aqui estão, que são professores dessa rede, que são Vereadores
nesta Casa, se sentem ofendidos, violentados por suas palavras...
(Manifestações nas galerias.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): Ver.ª Sofia Cavedon, asseguro seu tempo. (Pausa.)
Estão suspensos os trabalhos.
(Suspendem-se os trabalhos às 22h53min.)
O SR. CARLOS
CASARTELLI: Podem tirar o som se quiserem. A diferença é que cachorro e animalzinho
dá voto, homossexual, pobre e prostituta não dão voto. É isso que nós fizemos
aqui hoje.
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): Vereador, por favor, estão suspensos os trabalhos.
Aparte antirregimental, o Vereador é responsável pelo que ele fez agora na
tribuna.
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum – às 22h57min): Estão reabertos os trabalhos.
A Ver.ª
Sofia Cavedon está com a palavra para continuar o seu pronunciamento.
A SRA. SOFIA
CAVEDON: Ver. Paulo Brum, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, se um Vereador
médico se sente humilhado e ofendido por sua opção sexual ser discriminada,
tentativa de normalização, de criminalização, imaginem as crianças lá na
escola, onde a escola faz um processo de conscientização, de construção, de
sujeitos tolerantes, livres, que aprendem a respeitar os outros, são discriminadas,
são acusadas por pais, são acusadas por igrejas, onde os professores são
impedidos de fazer um trabalho, que tem que ser feito, de mudança de cultura.
Aqui está a prova, Ver.ª Mônica e Vereadores que subiram aqui, que querem impor
credos religiosos, querem impor moralismos que não correspondem à República! E
essa imposição é violenta! As nossas crianças sofrem bullying na
escola, porque os professores, os trabalhadores em educação não têm política de
formação para trabalhar com esses temas, não têm condições de
liberdade para trabalhar com a liberdade sexual. Quem vem aqui ideologizar a
questão de gênero é porque defende uma visão moralista, conservadora e
normalizadora, sim. Mas, mais do que isso, Ver.ª Mônica, mais do que isso, Ver.
Elizandro Sabino, é impor credos, Ver. Pujol. E isso não é constitucional, isso
não é da República brasileira, isso fere a Declaração Universal dos Direitos
Humanos! O que está se votando aqui é inconstitucional, é ilegal, é imoral e
violento. A dor das nossas crianças, a dor das nossas meninas que começam a ter
manifestação da sua sexualidade, quando não é do normal, do considerado,
culturalmente normal. Assumam que você tem uma opinião e essa opinião é
cultural, essa não é a norma, não é a lei; aliás, essa é a agressão.
Eu concluo: aqui está expresso, na indignação e na
dor do Ver. Casartelli, na indignação e na dor das mulheres que são,
frequentemente, desrespeitadas nesta Casa, na política, na rua e violentadas. A
dor de uma sociedade que ainda não compreendeu que tem de haver mudança
cultural.
(Manifestações nas galerias.)
A SRA. SOFIA
CAVEDON: Não, vocês não representam as igrejas, não representam as famílias,
porque as famílias deste País que querem os seus filhos felizes defendem a
liberdade, defendem a autonomia, a tolerância e a paz; não a violência que
vocês estão produzindo.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): Em votação nominal,
solicitada pelo Ver. Elizandro Sabino, a Emenda nº 05, destacada, ao PLE nº
014/15. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) APROVADA
por 15 votos SIM, 11 votos NÃO e 02 ABSTENÇÕES.
Em votação a Emenda nº 06, destacada, ao PLE nº
014/15. (Pausa.) Srs. Vereadores, eu só peço que a
assessoria dos Vereadores se retire e que permaneça apenas um no plenário, por
favor. De preferência, que os assessores não interfiram na discussão dos
Vereadores. Só quem pode interferir, se houver algum constrangimento, é a nossa
segurança, que entra em ação. Peço que os senhores assessores dos Vereadores
não interfiram na conversa e na posição dos Srs. Vereadores, por favor.
Ver. Alberto
Kopittke, dou a palavra a Vossa Excelência. E de maneira alguma este Presidente
cortou a sua palavra; eu apenas quis consultar o Líder da Bancada que compõe o
Ver. Casartelli. Portanto, coloco a palavra à disposição de Vossa Excelência.
Jamais iria cortar a palavra de Vossa Excelência.
O SR. ALBERTO KOPITTKE: Presidente, o senhor
está tendo uma condução excelente dos trabalhos. É um momento tenso, a sua
postura tem sido absolutamente republicana aqui. Faço todo o reconhecimento. E
a discussão parece que já foi resolvida e vai ser bem encaminhada por todos.
Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Obrigado,
Vereador, se houve algum excesso, peço desculpas a Vossa Excelência.
O Ver. Carlos
Casartelli está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 06,
destacada, ao PLE nº 014/15.
O SR. CARLOS CASARTELLI: Senhores,
senhoras, eu li todo o Plano Municipal de Educação que chegou à Casa, li a
Mensagem Retificativa e não encontrei em nenhum local o que alguns de nós estão
dizendo aqui. Eu não encontrei em nenhum local escrito que é para professores
ou para as pessoas que trabalham nas escolas ensinarem alguém a ser homo,
hetero, bi ou seja lá o que for! Não tem nada aqui que diga isso! O que diz
aqui no plano é que as escolas têm, sim, que lidar, trabalhar e discutir as
questões de gênero, de sexualidade, ou seja lá o nome que quiserem dar. É isso
que está escrito aqui. Porque o que nós não podemos admitir é que as nossas
crianças, sejam os nossos filhos, sejam os nossos netos, não tenham o direito
de ter a sua situação, a forma como eles são... Porque todos vocês estão
enganados aqui, ninguém se torna bissexual, ninguém se torna heterossexual ou
ninguém se torna homossexual. Nós nascemos como nós somos! É claro que, quando
eu tenho um ano, dois anos, três anos, eu posso não saber o que eu sou, mas,
quando eu decido o que eu vou fazer com a minha sexualidade, não fui eu que
escolhi. Ninguém escolhe ser homossexual. Por que é que vocês acham que alguém
escolhe ser homossexual, se é muito mais difícil ser homossexual do que ser
heterossexual? É muito mais fácil ser heterossexual, é muito mais fácil ser
como a maioria das pessoas é. Mas se alguém é homossexual, não é porque optou
por isso, ninguém opta por ser algo que vai ser discriminado, seja de forma
mais ou menos branda. Independente, eu nunca me importei com as discriminações
que sofri, eu nunca me importei e, portanto, não estou falando aqui em meu
nome, estou falando em nome das centenas e milhares de pessoas que não são
iguais à maioria, seja em questão racial, seja em questão de gênero, ou seja o
que for. Há pessoas que são diferentes e merecem ser respeitadas. Nós não
estamos reconhecendo aqui que existem diferenças e que essas diferenças têm que
ser tratadas em todos os ambientes, seja no trabalho, na família ou na escola.
A escola é o primeiro local coletivo de convivência de um indivíduo, e se lá eu
posso ser discriminado, se não terei um professor para tratar disso na sala de
aula, se não terei pessoas que me apoiam, ou que apõem pessoas que assim o são,
o que será dessas pessoas? Alguém aqui disse muito bem, talvez muitos dos
transexuais que se tornam profissionais do sexo – o que para mim não há nenhum
problema, qualquer profissão, inclusive ser profissional do sexo, para mim tem
que ser respeitada... Eu tive grande convívio, durante o período em que fui
Secretário, com uma instituição ligada aos profissionais do sexo, e sempre me
trataram com respeito, como com respeito foram tratadas por mim. Assim como eu
sempre tratei com respeito os heterossexuais, os bi ou os trans. Todas as
pessoas merecem respeito e merecem ser defendidas onde quer que estejam. Não
podem as escolas abrirem mão de discutir a questão da sexualidade no seu espaço
escolar, não podem. Não é um direito que nós tenhamos de decidir pelo que as
crianças precisam. Precisam discutir, sim, na sala de aula a questão da
sexualidade, porque muitas vezes a família não sabe sequer como tratar disso
com os seus filhos. A escola é, sim, um local para tratar todas as questões
políticas, raciais, de gênero, todas as questões, porque o ambiente escolar é
um ambiente social, e lá tem filhos, talvez vocês não saibam, filhos de casais
homossexuais. Ou, por acaso, a minha família, que é constituida por um casal de
homens e um neto, não é uma família? E essa família não tem o direito de ter os
seus problemas, as situações dessa família discutidas na sala de aula? Eu
garanto a vocês que tem sim, e nós estamos tirando esse direito das nossas
crianças, dos nossos filhos de conviverem com algo que existe. A
homossexualidade, a bissexualidade, a transgenericidade existem. Existem! E nós
queremos esconder isso dos nossos filhos, não dando direito de eles saberem
exatamente como é a vida. E nós temos que ensinar para os nossos filhos como é
a vida, porque eles vão viver neste mundo, que é o mundo real da diversidade.
Eu lamento. Eu quero dizer para vocês que respeito todos vocês, quem votou a
favor e quem votou contra, mas hoje eu saio desta Casa com vergonha por termos
tirado a oportunidade de as escolas discutirem este tema, que é muito
importante, dentro do seu espaço escolar. Obrigado e desculpem-me, e não é por
mim, porque eu já disse, eu nunca sofri, nunca me senti discriminado, porque eu
nunca dei bola para isso, mas há pessoas que sentem. Eu peço desculpa pelo
nosso voto para todos os milhares de homossexuais, bissexuais e todas as
pessoas que estão discriminadas no nosso País e em todo mundo. Lamento o nosso
voto, lamento a nossa decisão nesta Casa hoje.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): Obrigado, Vereador.
O Ver. Prof. Alex Fraga está com a palavra para
encaminhar a votação da Emenda nº 06, destacada, ao PLE nº 014/15, como autor.
O
SR. PROF. ALEX FRAGA: Muito bem, com relação à Emenda nº 06, protocolada
pela Ver.ª Fernanda Melchionna e por mim, eu gostaria de fazer a leitura da
redação da emenda, porque, sinceramente, boa parte dos Vereadores desta Casa
não leu o projeto, não leu a Mensagem Retificativa e seguiu orientação, única e
exclusivamente, das diretrizes tomadas em conjunto pela ala fundamentalista
desta Casa. Não se apropriaram, não conheceram e não buscaram a leitura. Então,
vou fazer a leitura. (Lê.): “Inclui inciso XI ao art.
2º, com a seguinte redação: Garantir a promoção dos princípios do respeito aos
direitos humanos com ações voltadas ao combate à intolerância e ao preconceito
quanto à orientação sexual, às escolhas religiosas, ao machismo e ao racismo,
bem como quanto à discriminação contra a população LGBT”.
Entristece-me demais,
entristece-me demais ter que apresenta essa emenda. Essa emenda foi protocolada
no início dos trabalhos, porque nós já antevíamos o assassinato de boa parte
das diretrizes do Plano Municipal de Educação com relação a essa pauta. Nós já
antevíamos a vergonha, como bem destacado pelo Ver. Casartelli nesta tribuna, a
vergonha que se passou esta noite. Nós já antevíamos, e por isso protocolamos
isso, para minimamente verificar se há a compreensão por parte dos Vereadores
que derrubaram emenda após emenda, principalmente aquelas que tentam diminuir,
minimizar e erradicar a discriminação, o preconceito nas nossas escolas. Nós
protocolamos isso para ver se há o mínimo de decência neste Parlamento! É o que
vamos ver ao final da votação – o mínimo de decência! A redação é clara, e eu
fiz a leitura para que todos tenham ciência. Todos! Eu considero isto aqui um
retrocesso frente a todas as propostas de vanguarda, avançadas, que tornariam
Porto Alegre uma referência nacional – nacional – na questão dos direitos
humanos, mas, infelizmente, não foi a leitura que fez a maioria dos Vereadores
deste Parlamento. Os nomes apareceram no painel, como todos puderam perceber.
Eu espero que esses nomes viralizem na Internet, sejam difundidos nos meios de
comunicação. Eu espero que esses nomes constem nas redes no ano que vem, quando
teremos eleição para renovação do Parlamento, e rezo para o meu Deus, que
supostamente é o mesmo Deus dos fundamentalistas. Tenho minhas dúvidas, porque
o meu prega a aceitação, prega a igualdade, prega o amor incondicional ao
próximo; esse é o meu Deus, não é o deus da maioria dos que se manifestaram do
lado de lá das tribunas – da maioria.
E, para finalizar, eu gostaria de fazer um pequeno
contraponto: quem defende direitos humanos não é comunista; é humano quem quer
avançar como sociedade. Foi destacado pela Ver.ª Mônica Leal que quem defende a
discussão de identidade de gênero são os comunistas. Eu faço uma abertura de
parênteses com relação a essa argumentação dizendo que o maior comunista que já
houve na história não era discriminatório: Jesus Cristo! Andava cabeludo,
barbudo, de pés descalços, falava para multidões, pregava a simplicidade, o
amor incondicional. Jesus Cristo, que supostamente muitos defensores da família
pregam e aceitam, pregava nos seus ensinamentos que é mais fácil um camelo
entrar no reino dos céus do que um rico. Isso não é um dizer comunista? Jesus
Cristo não pregava o que é trabalhado em muitas das igrejas atuais, ele pregava
amor, aceitação e respeito. E não é isso que vocês estão trazendo para esta
Casa. Boa noite!
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.ª Fernanda Melchionna está com a palavra
para encaminhar a votação da Emenda nº 06, destacada, ao PLE nº 014/15, pela
oposição.
SRA. FERNANDA
MELCHIONNA: Eu tinha me preparado, Presidente, junto com todos os meus companheiros
do mandato e das lutas do movimento, a quem agradeço nesta tribuna, muitos
textos para fazer um debate de ideias, um debate verdadeiro e profundo.
Recomendo – muito embora não tenha sido possível, porque foi uma caricatura de
debates em que o fundamentalismo tomou conta, nem sequer se expressou a não ser
num termo estúpido, ignorante de quem não entende nada de sociologia e de
estudo de gênero, a tal da ideologia de gênero – a leitura do livro Psicologia
de Massas do Fascismo, de Wilhelm Reich. Vamos ver muitos termos que foram
usados no debate, nas redes sociais, nas ofensas que ouvimos, infelizmente em
discursos…
(Manifestações
nas galerias.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): Peço aos senhores visitantes que acompanham esta
Sessão que haja serenidade para que nós possamos dar continuidade à aprovação
ou não do projeto que está sendo discutido. Há uma Vereadora na tribuna; peço,
por favor, que haja respeito ao Parlamentar enquanto se manifesta.
A SRA.
FERNANDA MELCHIONNA: E eu peço respeito às lideranças do movimento LGBT
que estão aqui, imediatamente! Não aceito empurrão a nenhuma mulher, a nenhum
militante de movimento; não aceito violência institucional, Presidente, Ver.
Paulo Brum, e vou requerer, sim, as fitas, porque nós achamos inadmissível o
conjunto de coisas que aconteceram na Câmara de Vereadores durante toda a tarde
de hoje! Vou deixar o material da UNESCO para outro momento, ou melhor, para
outro lugar, porque, infelizmente, não teve lugar para fazer o debate sério e
real que acontece, neste momento, no Brasil, em que a Câmara suja as mãos
votando contra milhares de LGBTs na cidade de Porto Alegre.
Quero dizer para vocês que, durante esses anos de
lutas, eu aprendi muito com o meu colega Pedro Ruas, como, por exemplo, uma
concepção, que vai me guiar pela vida inteira, que ele sempre cita na tribuna,
do Darcy Ribeiro: “Eu travei muitas lutas, perdi a maior parte delas; mas eu
não queria nunca, nem por um segundo, estar do lado dos que venceram”. As
minhas mãos não estão sujas de sangue, a minha cabeça está tranquila, porque eu
votei pelo combate à evasão escolar, pela inclusão, pela tolerância, pela
diversidade sexual, pela formação continuada na rede.
Essa emenda é importante? É. Mas, se vocês
rejeitarem de novo, eu não me preocupo, porque discordo de apenas uma coisa da
fala do meu colega Ver. Carlos
Casartelli – na melhor concepção da palavra colega –, no debate que nós
fizemos durante toda a tarde de hoje. O seu pronunciamento foi muito bonito,
mas, no final, o senhor disse que ficava muito triste porque não vai ter
educação e orientação sexual nas escolas. A nossa única discordância é que vai
ter formação para a diversidade sexual na escola! Quando a lei não corresponde
à realidade, ela precisa ser desrespeitada. Desrespeitem a lei! A partir de
agora vai ter diversidade sexual na escola; vai ter respeito ao LGBT; nenhuma
travesti e nenhum transexual vai sair das escolas municipais, porque vai ter
política de diversidade, porque os professores vão construir, porque os
professores da ATEMPA vão construir, porque os professores do Simpa vão
construir, porque vocês não vão aceitar a intolerância!
Eu queria, nesses meus últimos minutos, dedicar o
meu discurso a alguns que lutaram antes de nós: ao Rafael, de 16 anos, que foi
assassinado na escola, porque seus pais são homossexuais, e seus colegas
intolerantes o espancaram; eu quero homenagear, nesse meu último minuto, a
Letícia, que se descobriu hoje que foi assassinada pelo polícia de São Paulo,
uma travesti, de quem estavam dizendo que tinha agredido a polícia, mas pegaram
os vídeos mostrando que foi uma violência de Estado contra uma travesti; eu
queria dedicar o meu discurso ao Harvey Milk, o primeiro político gay da história dos Estados Unidos, que
foi assassinado pela intolerância; eu quero dedicar o meu discurso ao Oscar
Wilde, que hoje, na Inglaterra, tem estátuas suas por tudo que é lado, mas
quando era vivo, era preso sistematicamente por ser gay; eu quero dedicar o meu discurso ao Alan Turing, cujo filme
todo mundo viu, O Jogo da Imitação, tem que saber que alguém que teve
capacidade de construir aquela maravilha, acabou preso porque era homossexual;
eu dedico o meu discurso à Olympe de Gouges, a primeira feminista da história,
que foi decapitada por ser feminista; eu dedico o meu discurso ao Martin Luther
King, que foi assassinado por defender os negros; ao Malcom X; eu dedico o meu
discurso a milhares, que lutaram antes de mim para que nós avançássemos em
muitos temas. Infelizmente, a Câmara de Vereadores de Porto Alegre se recusou a
avançar no tema LGBT, só que como eu aprendi com as madres da Praça de Maio,
que lutavam contra a ditadura Argentina e lutavam para reaver os seus netos
sequestrados pelos ditadores sanguinários: não tem luta perdida, a não ser a
que a gente abandona. Essa nós não vamos abandonar. (Palmas.)
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para
encaminhar a votação da Emenda nº 06, destacada, ao PLE nº 014/15.
O SR.
REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores,
quem me conhece, quem convive comigo nesta Casa sabe que eu sou uma das pessoas
que mais ocupa esta tribuna. Hoje, porque temporariamente me encontro na
Liderança do Governo, procurei falar o mínimo possível, manifestar-me quase que
nunca, restringir as minhas posições pessoais para externá-la através do voto,
quando das decisões que a Casa teria de enfrentar. Eu aprendi com o pai da
Ver.ª Mônica que voto não se explica, nem se justifica, voto a gente exerce e
por ele se responsabiliza. Eu quero, com a veemência que me for possível,
protestar violentamente sobre algumas afirmações que ouvi desta tribuna de
colegas, dizendo que os Vereadores estão aqui sem saber o que estão votando,
que não leram, que não verificaram, que não sabem coisa nenhuma. Olha, eu fui
relator dessa matéria, procurei ser o mais isento possível, durante todas as
conversações assim eu procedi e não vou vestir esse chapéu de modo nenhum. Eu
leio os processos que tramitam, posiciono-me de acordo com as minhas posições
pessoais e não me considero indigno por ter aprovado uma emenda que diz que ao
Plano de Educação tem que ser inserida a expressão “superação das desigualdades
educacionais com ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as
formas de discriminação”. Eu sou indigno por isso? Ótimo, quero assumir essa
indignidade! Eu sou contra todas as formas de discriminação, inclusive, a
intolerância, que tem precedido muitas das ações que aqui estão ocorrendo!
Quero dizer mais: eventualmente, algumas pessoas podem ter cometido alguns
equívocos durante a votação. Debite-se àqueles que provocaram a desordem nesta
Casa! Porque eu não sei se eu tenho que pedir licença para alguém para ocupar
uma tribuna que me foi deferida legitimamente pelo público! Eu não sei se
qualquer um de nós, homens ou mulheres com assento nesta Casa, não pode exercer
na plenitude de seus mandados eletivos e que, para tanto, têm que praticamente
se humilhar pedindo: “Por favor, deixem eu falar!”. É preciso que a gente proclame a democracia de as pessoas poderem
vaiar, aplaudir e tomar todas as posições que entenderem adequadas. Mas não
acredito, minha cara Ver.ª Lourdes, eu não acredito em nenhum Parlamento onde
os seus integrantes têm que pedir licença para falar. Não acredito! Quem quiser
construir um outro tipo de democracia, diversa daquela que eu acredite, que
caminhe nesse caminho. Eu não vou caminhar. Eu vou continuar votando, Ver.
Bosco, de acordo com aquilo que considero correto. Posso até errar, mas farei
com convicção, porque todos aqueles que se julgam muito certo são os que mais
erram. É a maior das intolerâncias. Acertei, errei, devia ter ficado calado
nessa hora. Pode ser que sim; pode ser que eu tenha errado. Mas eu não iria
para a minha casa tranquilo se não dissesse: sou Vereador, tenho orgulho de
ser, tenho orgulho desta Casa, especialmente da posição de seus Vereadores que,
com coragem, tomam posições independentes de vaias ou de qualquer manifestação.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver.
Alberto Kopittke está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 06,
destacada, ao PLE nº 014/15.
O SR. ALBERTO KOPITTKE: Eu vou fazer um
esforço muito grande para manter a nossa discussão num bom nível de debates, de
ideais, exatamente para também não me tornar aquilo que eu luto contra, que é a
intolerância e que nós temos visto aqui hoje sobremaneira. Mas antes de entrar
no debate dos argumentos, eu não posso deixar de mencionar – e a referência não
é pessoal – o episódio de violência que a Ver.ª Jussara sofreu, porque eu e
algumas pessoas com quem convivo dedicamos a luta exatamente a quebrar o
silêncio dentro das casas, dentro de todos os espaços, onde a opressão de
gênero se manifesta. É um empurrãozinho, uma piadinha, e isso leva,
simplesmente, a cinco mil mulheres mortas por ano e a uma mulher agredida a
cada 20 segundos. E, justamente no dia em que nós estamos aqui discutindo
formas que poderiam mudar essa realidade, eu assisti, pela primeira vez, a uma
agressão contra uma mulher dentro da Câmara de Vereadores de Porto Alegre. É a
segunda vez que esta Vereadora, a querida Jussara, é agredida...
(Aparte
antirregimental.)
O SR. ALBERTO KOPPITKE: Não, eu não vou
entrar na questão pessoal, porque nós estamos falando de um processo cultural
que se espalha na sociedade e faz com que muitos achem normal que, durante a
ditadura, mais de 200 pessoas tenham sofrido tortura porque eram chamadas de
pederastas. Eu acho engraçado que as pessoas que têm essa defesa da família não
se indignam com o que a história brasileira teve de tortura, quando os
militares inseriam fios elétricos nos órgãos genitais de homens e mulheres para
eles se curarem da doença do homossexualismo, da pederastia, como se dizia na
época. São esses mesmos setores que, no Congresso Nacional, agora, há um ano,
defenderam a cura gay. Eu acho
impressionante que alguns colegas por quem eu tenho o maior respeito – só estou
procurando aqui despertar um pouco do senso crítico nesta discussão –, colegas
de quem conheço a luta que têm e que já manifestaram várias vezes aqui a sua
luta contra outras formas de preconceito, acho que eles não estão dando a
devida atenção, estão politizando, partidarizando um debate, que não é
partidário.
A questão da
violência contra os gays não é uma
questão do PT, não é uma questão do PSOL, ou do PCdoB, é uma questão de
princípios, de direitos humanos, que, aliás, está na bandeira da maioria dos
partidos aqui, e muitos enfrentaram vários e vários episódios quando o ódio
começou a crescer no Brasil. Muitos dos líderes que nós louvamos hoje foram
expulsos do Brasil, quando essa mesma onda de ódio, que tem várias facetas,
todos nós sabemos, começou a se levantar, e muitos silenciaram. Aqui não tem
nada a ver com partido, aqui tem a ver com o ódio, com a serpente saindo do
ninho, a serpente do ódio. E eu queria encerrar falando um poema muito famoso:
“Primeiro levaram os negros/ Mas não
me importei com isso/ Eu não era negro/ Em seguida levaram alguns operários/
Mas não me importei com isso/ Eu também não era operário/ Depois prenderam os
miseráveis/ Mas não me importei com isso/ Porque eu não sou miserável/ Depois
agarraram uns desempregados/ Mas como tenho meu emprego/ Também não me
importei/ Agora estão me levando/ Mas já é tarde/ Como eu não me importei com
ninguém/ Ninguém se importa comigo”. (Palmas.) Eu acho que é uma reflexão ética
que cabe a cada um de nós. Eu tenho imenso respeito pela imensa maioria, a não
ser por aqueles que defendem efetivamente o regime autoritário, que é a minoria
dos que aqui estão.
Eu quero concluir, voltando só a um último argumento. Eu
tenho aqui várias pesquisas, Ver. Nedel, e gostaria de pedir, respeitosamente,
a fonte de sua pesquisa científica sobre a Suécia. Eu tenho várias pesquisas
aqui que mostram que, enquanto apenas 0,2% das pessoas heterossexuais já
tentaram homicídio, 4% dos gays já
tentaram suicídio porque sofreram discriminação na escola. E, por fim – nós já
votamos aqui a própria lei antibullying
de um Vereador do PDT –, a maior causa de bullying
nas escolas é exatamente sobre o tema que nós estamos discutindo aqui. É um dia
triste!
(Não revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Obrigado, Vereador.
Em votação nominal, solicitada pelo Ver. Clàudio
Janta, a Emenda nº 06, destacada, ao PLE nº 014/15. (Pausa.) (Após a apuração
nominal.) REJEITADA por 14 votos SIM e 15
votos NÃO.
A SRA.
FERNANDA MELCHIONNA: Eu solicito, Presidente, renovação de votação –
vou fazer por escrito – da Emenda nº 06, votada neste momento, e da Emenda nº
03, que retirava a formação de gênero nas escolas, porque a diferença foi de
menos de três votos.
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): Perfeito, Ver.ª Fernanda. Faça por escrito, por
favor.
Em votação a Emenda nº 08, destacada, ao PLE nº 014/15. (Pausa.) A Ver.ª Jussara
Cony está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 08, destacada,
ao PLE nº 014/15.
A SRA. JUSSARA CONY: Esta emenda é de nossa autoria, de autoria da oposição, não é só da Liderança do
PCdoB. E é uma emenda importante, porque inclui estratégias que foram tiradas,
inclusive no processo dessa articulação política, no sentido de garantir nas
Redes Públicas de Ensino a criação de medidas que possibilitem alcançar as
metas, porque não adianta termos metas e as estratégias serem tiradas.
Diminuição do número
de alunos por sala, preservação da hora-atividade para realização exclusiva de
planejamento pedagógico, autonomia das escolas para definir e promover a
formação necessária para a comunidade escolar, descentralização dos recursos
para a formação e capacitação, manutenção e ampliação do atendimento no
laboratório de aprendizagem e na sala de integração e recursos, e também para o
trabalho de monitoria. Por quê?
A emenda apresentada
como Liderança de oposição e articulada por nós da oposição fica incluída a
estratégia no item 2.34 na meta 23 do Plano Municipal.
Nós apresentamos
estratégias, porque elas são, como eu dizia há pouco, o caminho para que se
alcance a meta 2. A meta 2 trata da universalização do Ensino Fundamental de 9
anos para toda a população de 6 a 14 anos. As estratégias aqui apresentadas são
criadas com o sentido de que essas crianças e jovens desenvolvem habilidades
específicas em sintonia com os parâmetros curriculares nacionais. A meta 2
defende a universalização do Ensino Fundamental de 9 anos. E isso significa o
quê? É aqui a importância desta emenda. Ela significa todas as pessoas na
escola, uma escola que contemple toda a diversidade humana e que produza aprendizados
qualificados para que seja possível a Porto Alegre garantir que pelo menos 95%
dos alunos e alunas concluam esta etapa de educação na idade recomendada. Esta
meta 2, como todas as demais do Plano, deve ser cumprida ao longo da vigência
do Plano, que vigorará por dez anos. Para conquistarmos a qualidade na educação
é necessário considerar que aprendizagem é um processo que contempla diversas
variantes para que se alcance a qualidade real de ensino. As variantes contidas
nesta emenda são estratégicas para o cumprimento da meta, que tem por objetivo
o incremento do processo educativo, numa perspectiva emancipatória e voltada à
justiça social, o que significa dizer aprendizagem com qualidade. E para a
conquista é preciso que se construa e que se aprove, hoje, aqui,
a diminuição do número de alunos por sala, a preservação da hora-atividade para
realização exclusiva de planejamento pedagógico, a autonomia das escolas para
definir e promover a formação necessária para a comunidade escolar, a
descentralização dos recursos para a formação e a manutenção e ampliação do
atendimento no laboratório de aprendizagem, na sala de integração e recursos e
o trabalho de monitoria. Eu espero que esta Casa aprove esta emenda. Esta
emenda é originária do plano do Congresso de Educação, é uma emenda estratégica
para que nós possamos cumprir a meta com as estratégias aqui apresentadas.
Então, isso é bom para o ensino da cidade de Porto Alegre e eu espero que a
base do Governo aceite esta emenda da oposição como mais uma contribuição dessa
oposição responsável, trabalhadora e unificada dentro desta Casa.
(Não revisado pela oradora.)
A SRA. SOFIA
CAVEDON: A Ver.ª Jussara Cony nos representou, pelo menos em relação ao Partido
dos Trabalhadores, no discurso.
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): Em votação nominal, solicitada pelo Ver. Clàudio
Janta, a Emenda nº 08, destacada, ao PLE nº 014/15. (Pausa.) (Após a apuração
nominal.) APROVADA por 24 votos SIM
e 03 votos NÃO.
Em votação a Emenda nº 09, destacada, ao PLE nº
014/15. (Pausa.) O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para encaminhar a
votação da Emenda nº 09, destacada, ao PLE nº 014/15.
O SR. JOÃO
CARLOS NEDEL: Ilustre Presidente, Vereadores e Vereadoras, essa emenda, emitida pela
Bancada do Partido Progressista, quer, simplesmente, ampliar um pouco o item 5,
que é a formação para o trabalho e a cidadania, com ênfase nos valores morais e
éticos em que se fundamenta a sociedade, assegurando o exercício de direitos e
impondo o cumprimento de deveres. Ainda no item b, acrescenta o item nº 11,
valorização da família, como o mais importante meio de educação na formação e
estruturação da sociedade. É uma contribuição que realmente há assuntos que
trata sobre educação. Estamos aqui tratando do Plano de Educação do Município,
e isso é extremamente importante. Educar para o trabalho e para a cidadania e
educar para os valores da família como meio de educação na formação e
estruturação da sociedade. Portanto, senhoras e senhores, é uma contribuição
para a educação da nossa Cidade. Peço, portanto, a aprovação.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): Em votação nominal, solicitada pela Ver.ª Fernanda
Melchionna, a Emenda nº 09, destacada, ao PLE nº 014/15. (Pausa.) (Após a
apuração nominal.) APROVADA por 15
votos SIM, com o voto de
desempate do Presidente e 14 votos NÃO.
A SRA. JUSSARA
CONY (Requerimento): Solicito renovação de votação da Emenda nº 09 ao
PLE nº 014/15.
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): Em votação nominal, solicitada pelo Ver. Cassio
Trogildo, a Emenda nº 10, destacada, ao PLE nº 014/15. (Pausa.) (Após a
apuração nominal.) REJEITADA por 12 votos SIM, 14 votos NÃO e 01 ABSTENÇÃO. Declaro
prejudicada a Subemenda nº 01 à Emenda nº 10.
Em votação a Emenda nº 13, destacada, ao PLE nº 014/15. (Pausa.) A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 13, destacada, ao PLE nº 014/15.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Vereador, temos
acordo que no monitoramento do Plano se inclua a Federação de Associações dos
Círculos de Pais e Mestres.
O SR. PRESIDENTE
(Paulo Brum): Em votação nominal, solicitada pelos
Vereadores Clàudio Janta, Idenir Cecchim e outros Vereadores, a Emenda nº 13, destacada, ao PLE nº 014/15. (Pausa.) (Após a apuração
nominal.) APROVADA por 26 votos SIM, por unanimidade.
Em votação o PLE nº 014/15. (Pausa.) O Ver. Prof.
Alex Fraga está com a palavra para encaminhar a votação do PLE nº 014/15.
O SR. PROF.
ALEX FRAGA: Boa noite. Chegamos então à reta final desse show de horrores. O que
vimos aqui foi uma verdadeira barbaridade, todos presenciaram e, parafraseando
minha colega de bancada, Fernanda Melchionna, que muito bem se posicionou nesse
microfone, o que sobrará para a história?
Eu não tenho condições sequer de figurar no painel
de votação depois dessa barbaridade. Eu não vou conseguir colocar a minha senha
no painel para deixar o registro do meu nome, eu não vou colaborar com isso que
aconteceu aqui, falta de discussão, falta de diálogo, falta de um amplo
processo para ouvir a comunidade, para ouvir todos os segmentos da sociedade.
Nós tivemos aqui uma serie de ingerências a tarde inteira, até a noite, já
viramos as 24 horas do dia, portanto, estamos votando o Plano Municipal de
Educação fora da data que o Governo obrigou! Já é mais de meia-noite, é dia 25,
não cumprimos os prazos legais. Portanto, meu nome não vai figurar lá, não
serei condescendente com essa barbaridade. O que sobrou desse plano é um
arremedo à sociedade civil, ao processo democrático, à consulta das comunidades
escolares que foram deliberadas. Para aqueles que não têm ciência de todo o
processo que envolveu a chegada do plano a esta Casa e esta votação, o Governo
chamou todas as escolas a construir de forma democrática, e encaminhou para
essas escolas, para as suas direções, o chamamento da comunidade, dos pais, dos
alunos. Todos aqueles que se mobilizaram, que puderam participar foram ouvidos.
As diretrizes determinadas pelas comunidades escolares foram encaminhadas a um
pré-congresso; depois do pré-congresso, foram debatidas em um congresso
municipal. As comunidades foram ouvidas, as escolas foram ouvidas, aquelas que
não se manifestaram foi porque não quiseram. Se alguma escola não foi
comunicada, a falha é da Prefeitura, que deveria ter dado maior visibilidade,
deveria ter feito anúncios conclamando essas pessoas a participarem do
processo, já que essa era a determinação nacional, que todos fossem ouvidos,
porque o Plano é para o Município de Porto Alegre, é para todos. Se alguém não
foi ouvido ou foi por culpa da Prefeitura, que não deu divulgação adequada ao
processo legítimo e democrático, ou por culpa da própria pessoa, por omissão.
Todas essas
ingerências poderiam ter sido contornadas se houvesse a manifestação pública
daqueles que estavam discordando das diretrizes, que foram construídas de forma
democrática. Se houvesse a preocupação por parte dessas pessoas, o espaço de
manifestação seria assegurado; mas se omitiram, fugiram dessa responsabilidade
e, agora, transferem para os representantes que participaram, que deram o seu
suor, o seu sangue, que, voluntariamente, construíram esse processo
democrático.
Criticam todas as diretrizes que incluem termos
que, se não é a concordância, deveriam ser questionados dentro das audições nas
escolas, dentro do pré-congresso, dentro do congresso, e isso não foi feito em
momento algum. Portanto, eu vou me retirar e não vou votar nesta palhaçada, que
foi o que sobrou do nosso Plano Municipal de Educação. Não vou!
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Cassio Trogildo está com a palavra para encaminhar a votação do PLE nº 014/15.
O SR. CASSIO
TROGILDO: Boa noite, senhoras e senhores; Sr. Presidente, Ver. Paulo Brum; Sras.
Vereadoras e Srs. Vereadores; público que ainda nos acompanha nas galerias e
também pela TVCâmara. Eu quero fazer essa fala final em relação à votação do
Plano Municipal com muita tranquilidade e muita serenidade, que não foi a
média, Ver. Mario Manfro, da nossa Sessão de hoje, que foi acalorada, sim. Eu
quero começar aqui parabenizando a condução do nosso Presidente na tarde e
noite de hoje, Ver. Paulo Brum, que até agora nos conduziu, com todas as
divergências que aqui tratamos e discutimos.
Eu não vou concordar que tenhamos chegado ao final
desta discussão, na cidade da democracia participativa. Tivemos congresso,
seminário e discussões na comunidade, mas esta continua sendo a Casa da
representação do povo, soberana para a palavra final, de tudo que se transforma
em lei na cidade de Porto Alegre. E a democracia participativa e a democracia
representativa têm, sim, nesta Cidade, convivido de forma harmônica, há 26 anos
na cidade da democracia participativa. Temos Orçamento Participativo, a Cidade
tem mais de 40 fóruns, que fazem parte e complementam a democracia
participativa da nossa Cidade.
Agora, quero dizer que o nosso Plano não se resume
aos temas que foram mais debatidos aqui. Eu gostaria de dizer que acabei – por
força de ter assumido o Ver. Paulo Brum como Presidente da Casa – contribuindo,
Ver. Reginaldo Pujol, Líder em exercício do Governo, nas discussões que se fizeram
ao longo da semana passada e ao longo desta semana. E quero dizer que não posso
chegar aqui ao final e dizer que nós não construímos, Ver. Clàudio Janta, um
Plano Municipal de Educação, que foi debatido, que foi trabalhado nesta Casa e
que o Brasil inteiro está votando “sim” na última hora, o Brasil inteiro está
votando na última data. E nós precisamos, inclusive, ter o compromisso de,
ainda esta semana, terminarmos o trabalho que começamos no dia de hoje. Eu
gostaria que isso pudesse acontecer ainda no dia de quinta-feira, sob pena de
termos responsabilizações, Ver. João Bosco, de trancamento de verbas federais,
de repasse de verbas, por não termos cumprido um dispositivo que precisamos
cumprir, que é terminarmos de votar o Plano Municipal de Educação.
Nós tivemos avanços, sim, e quem reduz a discussão
dizendo que não construímos nada está, sim, desrespeitando o trabalho desta
Casa, desrespeitando o trabalho do próprio Congresso, dos fóruns e de toda a
discussão que aqui foi realizada! Eu não posso concordar que digam que não
atingimos um Plano Municipal de Educação, que foi exaustivamente debatido. Que
possamos, amanhã, terminar o nosso trabalho; encaminhar pela aprovação agora do
projeto e, amanhã, podemos encaminhar os requerimentos e as renovações de votação
que ficaram pendentes. Meu muito obrigado. Pela aprovação do nosso Plano
Municipal de Educação!
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): Eu sei que alguns Vereadores estão saindo. Amanhã,
obrigatoriamente, nós vamos ter que fazer uma Sessão Extraordinária. Então, só
fica o aviso de que vai ficar, para o final da votação, a votação dos
requerimentos e renovação de votação.
A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra para
encaminhar a votação do PLE nº 014/15.
A SRA. SOFIA
CAVEDON: Vereadores e Vereadoras, estamos prontos ou deixamos a Ver.ª Jussara
encaminhar antes? Nós temos uma dúvida real que eu vou compartilhar. Nós
entendemos que este Plano tem um problema grave, sim, Ver. Cassio. Houve um
Congresso que iniciou no ano passado, para o qual houve uma pré-conferência
este ano, para a qual Vereadores desta Casa foram designados, dela participaram
e não fizeram as disputas que aqui fizeram, retirando o que decidiu o
Congresso. O próprio Governo mandou 50 alterações que não disputou lá no
processo democrático e veio alterar aqui. Isso não é respeitar o processo
participativo, o processo conquistado na Constituição de 1988, na Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, no Plano Nacional de Educação, que é
um processo democrático de construção. Esta Câmara tem que se perguntar sobre
isso. Porque há questões importantíssimas que foram emplacadas no Plano
Municipal de Educação, que foram votadas e consagradas, como a educação
especial dos 0 aos 21 anos. Como muitas estratégias para a qualificação de
aprendizagem, como metas importantes de garantia dos 100% de atendimento das
crianças de 4, 5 e até os 17 anos no Ensino Médio, com muitas estratégias de
como cumprir isso.
Pela primeira vez, a nossa Cidade vai ter um Plano
Municipal de Educação. Mas a nossa Cidade e a sensação nossa, e minha, é de
violência, quando foram retiradas todas as expressões de gênero – o trabalho
com igualdade de gênero –, quando, Ver.ª Lourdes, as mulheres são assassinadas
nesse país. Assassinadas, porque ainda é imposta uma postura masculina que é
dona das mulheres, dona, proprietária; os homens são proprietários das
mulheres, quando elas querem tomar as suas decisões, elas são violentadas; se
elas não querem fazer sexo, elas são violentadas. E isto é resultado de uma
cultura machista, sexista, normalizadora, de uma sociedade violenta,
discriminatória. E isso só muda se nós mudarmos a cultura, e a cultura só muda
se a educação for corajosa, for arejada, for construtora de homens e mulheres
livres, respeitosa das diferenças, das diversidades. Esta compreensão foi
adulterada, foi decepada desse Plano, mas não do Congresso. O Congresso de
Educação consagrou uma nova educação, uma educação libertária, uma educação que
constrói a segurança das mulheres, uma educação que constrói o direito à opção
sexual, a orientação sexual, como queiram dizer, que constrói o direito à
religião. Eu aqui, muitas vezes, nesta noite, senti impostos a mim credos
religiosos pelos quais não optei. Isso é muito triste, quando, pela primeira vez,
nós vamos ter um Plano Municipal de Educação. O nosso entendimento é que com
este desrespeito à gestão democrática, não é possível votar neste Plano,
reconhecendo os muitos avanços da luta da categoria. Eu quero encerrar o último
minuto dizendo que nós nos orgulhamos do que o Brasil fez em educação até
agora, mas precisa fazer muito mais. O Congresso Nacional, que é retrógrado em
função desse sistema político, aprisionado pelo poder econômico e,
lamentavelmente, por algumas igrejas, recuou em relação ao que as Conferências
Nacionais de Educação tinham construído com referência à liberdade de gênero, à
liberdade sexual, à liberdade cultural. Mas nós temos, pela primeira vez, um
Plano Nacional de Educação que aponta para 10% do PIB para a educação brasileira,
os royalties do petróleo para a
educação, que eu espero que a gente vote aqui nesta Câmara, que aponta para o
alargamento da cobertura da educação, que vai corresponder a um Brasil que
triplicou o número de institutos federais, Ver. Kopittke, que triplicou as
vagas públicas na educação superior, um Plano Nacional...
(Som cortado automaticamente por limitação de
tempo.)
(Presidente concede tempo para o término do
pronunciamento.)
A SRA. SOFIA
CAVEDON: ...um Plano Nacional de Educação que indica um novo patamar, um outro
patamar para a educação brasileira.
Porto Alegre, que é protagonista de tantas
inusitadas experiências, deixou de gravar, escrever o nome da história de Porto
Alegre na vanguarda da transformação da educação em vários pontos. E o pior,
Ver. Villela, é que é no ponto mais importante, que é o da preservação da vida,
da dignidade, da nossa condição humana de liberdade. Por isso eu convido a
nossa bancada a votar contrariamente a esse Plano Municipal de Educação, com
Declaração de Voto, como símbolo do que deixamos de avançar.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.ª Jussara Cony está com a palavra para
encaminhar a votação do PLE nº 014/15.
A SRA. JUSSARA
CONY: Eu encaminho em nome da minha bancada, em nome do PCdoB. Desde o
primeiro momento em que subi a esta tribuna, seja como Líder do PCdoB, seja
como Líder da oposição, na relação que nós estamos tendo com os demais
partidos, o PT e o PSOL, nós dissemos e estamos reafirmando agora que a nossa
referência no processo estabelecido aqui hoje era exatamente o Congresso da
Educação. E nós fizemos toda uma articulação para resgatar, como efetivamente
resgatamos junto com as entidades, algumas metas, diretrizes estratégicas para
avançar um pouco mais da Retificativa que chegou nesta Casa. O que aconteceu
aqui, hoje, é um retrocesso na nossa perspectiva do que nós conseguimos
avançar. Mas o que aconteceu aqui foi um retrocesso, e já vou dizer por quê.
Não foram as emendas da oposição que garantiam o retrocesso ainda mais do
Plano, foram as emendas da base do Governo! Não foram as emendas da oposição.
As emendas da oposição são fruto inclusive do desdobramento da articulação
política da Mensagem Retificativa e conversada, politicamente, inclusive com a
liderança do Governo. E colocamos aqui para resgatar um pouco mais as decisões
do Congresso. Então tem que ficar muito claro isso. É um retrocesso, e um
retrocesso civilizatório, um atentado contra a democracia, um atentado com
questões fundamentais para nós garantirmos uma sociedade democrática através de
uma escola não baseada em fundamentalismos, não baseada em não garantir aos
trabalhadores da Educação condições inclusive de exercer a sua profissão. É um
desrespeito aos movimentos sociais, aos professores, à cidade de Porto Alegre.
O Plano aqui aprovado, se a base do Governo der sustentação, é contrário à
universalização da Educação, apesar de todos os esforços. E eu resgato aqui o
trabalho que se fez junto com a situação! Só que a própria base do Governo
reverteu questões fundamentais aqui, questões com que nós não podemos
concordar, porque é contrária à universalização da Educação, é um não à
Educação pública, laica, plural. Então esse Plano acaba não nos representando.
Essa é a questão! Porque não representa o esforço de um Congresso e um esforço
também que esta Casa fez, e que, hoje neste dia, alguns Vereadores da base de
sustentação do Governo retrocederam. Retrocederam! Eu quero dizer com todas as
letras que não foi a oposição que fez o retrocesso e, tampouco, respeita a
diversidade e os direitos humanos. Então, se não houver respeito aos direitos
humanos e à diversidade, que educação é essa? Que educação é essa? Eu me retiro
desta tribuna dizendo que esta é a posição do PCdoB e, mais uma vez,
reafirmando: a oposição contribuiu ao máximo, fez tudo o que pôde no sentido de
serem articuladas mais e mais decisões do congresso. A situação, por meio de
alguns Vereadores, fez retroceder. Fez retroceder, inclusive, o trabalho de um
alto nível político que nós tivemos, como oposição, junto com as lideranças do
próprio Governo, e isso tem de ficar claro aqui.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Clàudio Janta está com a palavra encaminhar
a votação do PLE nº 014/15.
O SR. CLÀUDIO
JANTA: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, eu acho que não é
uma terra arrasada como se tenta desenhar aqui. Nós estamos falando, somente,
de um tema. Acho que perto do Plano Nacional de Educação, a nossa Cidade
avançou muito, porque no Plano Nacional de Educação - no qual o Governo Federal
tem a maioria da base no Congresso Nacional - não se conseguiu, por exemplo, a
educação para as pessoas especiais. O Plano Nacional de Educação não garantiu a
escola em tempo integral na prática. O Plano Nacional de Educação não garantiu
vários temas que, hoje, aqui nesta Casa, nós avançamos e estamos garantindo. E
na questão de gênero, que tanto se fala, nós estamos seguindo o Plano Nacional
de Educação, nós não podemos ter uma meta nacional de educação, e o Município
de Porto Alegre ser uma ilha diferenciada! Nós não podemos ter um Plano
Estadual de Educação, e Porto Alegre ser uma ilha diferenciada. Ficamos aqui
quase 11 horas discutindo uma parte, na qual as pessoas falam muito de
preconceito. Eu sou o maior empregador de homossexuais que existe no movimento
sindical, o meu gabinete tem homossexual, então voto muito tranquilo nisso. Fui
criado no meio de homossexuais. Meu pai e minha mãe me ensinaram a respeitar
tanto os negros quanto os pobres, como sou e continuo sendo.
A questão de gênero, temos que discutir muito.
Muito mesmo, mas na família. Eu sofri muito preconceito. Vocês imaginem um
pobre, morando no Morro da Cruz, obeso e gago. Eu sofri muito preconceito, mas
os superei. E lido diariamente com trabalhador, pobre, negro, homossexual e que
sofre preconceito na hora de procurar emprego e, muitas vezes, passando dos 40
anos de idade. Temos que resolver muitas questões de preconceito.
E falei para os meus colegas Vereadores que todos
nos somamos quando a Ver.ª Jussara sofreu um preconceito, aqui. E até agora
estou esperando para resolvermos a questão do Ver. Casartelli e da Ver.ª
Lourdes. Eu não vi nenhum ato de solidariedade aqui das minhas companheiras
mulheres com a companheira Lourdes. Então, eu acho que temos que respeitar os
grupos LGBT, os gays, lésbicas, os
simpatizantes, e temos que respeitar principalmente os héteros. Temos uma
parcela da sociedade que é hétero, que se dá o direito de ser hétero, de ser
diferente, de gostar de outro sexo, do sexo oposto, que poderia gostar do mesmo
sexo e que quer conviver de igual para igual com todo o mundo. Nunca me ofendeu
viver com outras pessoas do mesmo sexo, de outro sexo, até porque o meu
padrinho de casamento, que me casou na Igreja, é homossexual. O meu padrinho de
casamento é homossexual! Um dos padrinhos do meu filho é homossexual! Eu não
tenho problema nenhum, nenhum, nenhum, nenhum! Com muita tranquilidade
depositei meus votos aqui. Agora, acho que Porto Alegre avançou, e muito, na
questão da educação, na questão de melhorar a educação das crianças – coisa que
muitas vezes falta nas galerias desta Casa, muitas vezes falta nas discussões.
Traz-se para cá a polarização do Gre-Nal, traz-se para cá a questão do maragato
ou do chimango. Muito obrigado, Sr. Presidente. Com muita força, fé e
solidariedade, nós vamos melhorar a educação do povo brasileiro, principalmente
aqui de Porto Alegre.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): Em votação nominal, solicitada pelo Ver. Cassio
Trogildo, o PLE nº 014/15. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) APROVADO por 20 votos SIM e 08 votos NÃO.
O SR. CARLOS
CASARTELLI: Presidente, votei “não” porque este Plano não representa a totalidade da
sociedade brasileira e porto-alegrense e, dentro das escolas, toda a sociedade
está representada, queiramos ou não, por isso meu voto é não.
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): Ver. Casartelli, por favor, encaminhe por escrito
sua Declaração de Voto.
A SRA. SOFIA
CAVEDON: Nós também encaminharemos por escrito a nossa votação contrária porque
este plano desrespeitou em parte o Congresso Municipal de Educação e deixou de
avançar em questões fundamentais da liberdade humana, da construção da nova
cultura de paz e igualdade.
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): Por favor, encaminhe por escrito. A Ver.ª Séfora
Gomes Mota está com a palavra para a leitura da sua Declaração de Voto.
A SRA. SÉFORA
GOMES MOTA: (Lê.) “Este projeto não contempla uma questão fundamental que é a
questão de gênero e de se trabalhar todas as formas de promoção da igualdade e
extinção de toda forma de preconceito. O projeto está incompleto.”
O SR. ALBERTO
KOPITTKE: Em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, quero cumprimentá-lo
pela condução dos nossos trabalhos hoje, de forma absolutamente democrática,
numa Sessão muito difícil. Registramos nossos cumprimentos ao senhor pela
condução de nossos trabalhos.
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): Obrigado, Vereador, e desculpa se houve algum
excesso na hora da aplicação. Estão encerrados os
trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a
Sessão às 0h40min.)
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